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We Want Mashiach Now!

Ad Matai!

Onde Está o Cetro da Liderança?

ISRAEL — Rabino Chaim Ashkenazi

COMO NOS COMUNICAMOS?

Às vezes nós vemos que o longo período transcorrido desde Guimel Tamuz de 5754 conseguiu ofuscar a nossa compreensão da situação ideal que conseguimos perceber. Nós ouvimos inúmeras opiniões sobre como nos referir ao que aconteceu naquele dia, quais são as implicações para nós, e o que o Rebe diz sobre o assunto.

Porém, enquanto estas coisas são discutidas dentro de nossas próprias fileiras, em um fórum de “um ajudando ao outro”, não há nenhum problema. Pelo contrário, os chassidim sempre buscaram todos os meios possíveis; o principal é haver comunicação. O problema começa quando cada um começa a misturar seus próprios sentimentos no debate. Como resultado, “um ajudando ao outro” se transforma em “um engolindo o outro vivo”...

Tentemos examinar aqui o ponto principal, a partir do qual todas essas opiniões diferentes surgiram entre nós desde Guimel Tamuz de 5754. (Nota: Quando eu digo “entre nós”, me refiro entre chassidim e temimim, não askanim [arrecadadores de fundos e doadores]. Estes últimos formam um volume inteiro per si, e são totalmente irrelevantes à nossa discussão.)

Depois de esclarecermos este ponto, será um pouco mais fácil entendermos um ao outro e preencher a lacuna que lamentavelmente se estabeleceu em nossa comunidade.

 NASCE A DISCUSSÃO

Antes de tocar no próprio ponto, eu gostaria de oferecer uma introdução importante. A maioria das dúvidas e perguntas que surgiram desde Guimel Tamuz de 5754 não começou naquele dia; elas começaram um ano e um meio antes, como conseqüência do que ocorreu em Chaf-Zayin de Adar Rishon de 5752. No sentido físico, o estado de saúde do Rebe não era muito bom, e já naquela época todas as perguntas começaram a martelar as mentes de muitas pessoas. Porém, depois de alguns meses, a saúde do Rebe melhorou, e ele começou a sair todos os dias para as oracões e encorajar o canto de “Yechi”. Nesta mesma época, o Rebe realizou também tremendas maravilhas em nível mundial. Tudo isso serviu como uma inspiração e uma renovação de esperança, fé e confiança, deixando de lado todas essas perguntas e dúvidas.

Então, de repente, quando a saúde do Rebe começou a piorar e o ocultamento intensificou, as perguntas e dúvidas redespertaram. Assim, a alegria e a dor oscilavam de um dia para o outro, de um mês para o outro, ficando mais fortes e depois mais fracas.

Então veio Guimel Tamuz, e aqui a pergunta ficou ainda mais séria. Aqueles que estavam em dúvida sustentaram uma posição que crescia a cada dia. Enquanto isso, aqueles que não tinham nenhuma dúvida, da mesma maneira que não tinham antes de Chaf-Zayin Adar Rishon, continuaram na mesma linha de ação, até mesmo depois de Guimel Tamuz.

O tempo passou, e as relações estavam no limite. Opiniões ideológicas ficaram mais pessoais em natureza. Cada um sentia que estava mais certo que o seu vizinho, a ponto de um lado ser julgado como herege, e o outro ser chamado de louco. As discussões não pararam, e cada lado trazia as suas próprias provas: sichot, reshimot, etc. Tudo estava em completo caos.

 O PONTO FUNDAMENTAL

Qual é toda a discussão?

Há um conceito chamado “Rebe”. Diferente de qualquer outro tsadic, toda a idéia de um Rebe não aparece abertamente na halachá (a porção revelada da Torá), mas nos ensinamentos mais profundos da Torá. Lá é explicado que em toda geração há um judeu que, além de ser um tsadic santo, puro e elevado, ele é um homem Divino que conecta o povo judeu a D’us, influenciando assim todos os judeus da sua geração, espiritualmente e materialmente.

O primeiro “Rebe” do mundo foi Moshé Rabeinu, cuja tarefa era influenciar o povo judeu materialmente, assim como ele fez espiritualmente. Esta é a razão pela qual quando os filhos de Israel pediram carne, eles não foram ao açougueiro; eles foram até Moshé Rabeinu, sabendo que todas as influências espirituais e materiais eram canalizadas através dele. Quando Moshé Rabeinu ouviu o pedido deles, era o seu dever realizar a tarefa. Então ele reuniu setenta sábios para executá-la. Da mesma maneira, Moshé certificou-se de que todas as suas necessidades físicas fossem providas durante os seus quarenta anos no deserto.

De modo semelhante, é explicado em Chassidut que as influências espirituais de um judeu passam por intermédio do Moshé Rabeinu de cada geração, já que é ele quem assegura a conexão de um judeu com D’us.

Falando de modo simples, se um judeu estuda toda a Torá, contemplando profundamente por longas horas sobre a grandeza de D’us, isto ainda não bastará para ele atingir amor e temor verdadeiros! Somente o Moshé da geração é capaz de implantar amor e temor em um judeu, conectando-o com D’us.

Isto não só se aplica com relação a amor e temor; um judeu pode cumprir Torá e mitsvot com o máximo rigor, mas sem o Rebe da geração não tem valor algum. Somente o líder da geração — Rosh Bnei Yisrael — faz a conexão entre D’us e os filhos de Israel. Ele faz a ligação entre o povo judeu e o seu Pai Celestial, e sem ele não há nenhum conteúdo de amor, temor, teshuvá [arrependimento/retorno], ou Torá e mitsvot da pessoa.

Para usar uma expressão, este é o líder da geração em cada geração. Começando com Moshé Rabeinu, seguido por Yehoshua, os Anciãos, os Profetas, os Juízes, os Reis, o nessiím, os líderes no exílio, etc. Então veio o Baal Shem Tov, e eles começaram a chamar os seus líderes pelo nome “Rebe”. Desde o Baal Shem Tov, isto foi passado para o Maguid de Mezritch, o Alter Rebe [fundador e primeiro Rebe de Lubavitch], o Miteler Rebe [seu filho e segundo Rebe de Lubavitch], o Tsemach Tsedek [terceiro Rebe], o Rebe Maharash [quarto Rebe], o Rebe Rashab [quinto Rebe], o Rebe Rayats [sexto Rebe], e o Rebe MH”M [sétimo e atual Rebe].

Desde que o povo judeu se tornou uma nação, jamais houve uma interrupção. Toda geração teve algum líder, o único e exclusivo líder por meio do qual todas as influências espirituais e materiais eram canalizadas para o povo judeu.

Como trazido inúmeras vezes pela Chassidut, na linguagem do Zohar, esta é “a extensão de Moshé em cada geração”. O Rebe explica que isto alude ao que está escrito no Tratado de Shabat: “Moshé [referindo-se a um dos Sábios da geração], tu disseste bem”. Rashi comenta que “você em sua geração é considerado como Moshé na geração dele”. Assim, nós vemos uma fonte na Torá revelada que ensina que o maior líder da Torá de uma geração é a “extensão de Moshé” daquela geração.

EM CADA GERAÇÃO

Já que todas as influências são transmitidas através do nassí, a Chassidut estabelece uma característica básica: o líder da geração tem de existir como uma alma dentro de um corpo físico. Assim, a função do nassí é conectar o nível mais baixo de materialismo com a revelação mais elevada e espiritual de Divindade. Só deste modo o nassí consegue transmitir as influências da luz Divina e sublime de D’us para os judeus de carne e osso. No caso em que a alma do nassí não se encontra em um corpo físico, aprendemos daí que o nassí completou o seu trabalho de unir materialidade e espiritualidade. Então chega a vez de o próximo nassí viver como uma alma dentro de um corpo físico.

Portanto, quando Moshé Rabeinu faleceu, embora nossos sábios afirmem: “assim como ele servia, também ele continua a servir”, e todas as qualidades sublimes que Moshé teve depois da sua histalkut, até o ponto de “mais que em sua vida”, ainda assim isto não é o bastante. Conseqüentemente, no dia em que Moshé faleceu, Yehoshua assumiu o cetro da liderança.

Por quê? O que tem em Moshé Rabeinu que “não é o bastante”? Ele não continuou a servir mesmo depois da sua histalkut, exatamente como fazia antes, e até mais ainda? Porém, embora Moshé continuasse a servir a partir do momento em que ele já não mais existia como uma alma dentro de um corpo físico, este não podia ser um caso de “o líder da geração”. Assim, Yehoshua precisou sucedê-lo e tornar-se o nassí. De modo semelhante, nós encontramos com Yehoshua e todos aqueles que o seguiram; todo nassí continuou seu serviço depois de seu falecimento. Porém, era imperativo existir um nassí vivo, uma alma dentro de um corpo em sua interpretação mais literal, e ninguém mais além dele seria aquele a liderar o povo judeu neste mundo físico.

Até aqui todos estão de acordo, e ninguém tem motivo para discutir. Assim tem sido durante os últimos 3.315 anos desde Matan Torá [Outorga da Torá].

 A PERGUNTA CENTRAL

De repente, acontece Guimel Tamuz e surge a pergunta. Agora nós nos confrontamos com a realidade que aparentemente contradiz toda a fundação conhecida como “um Rebe”. Os doutores determinaram o que eles acharam com relação à vida física do Rebe.

É precisamente aí que nasce a pergunta. Por um lado, a Torá estabelece que a geração precisa ter um líder, corpo e alma juntos. Nesse caso, então, no momento em que os médicos determinam que a vida física do líder da geração cessou, não deveria o mundo ser destruído? Sim, de fato o mundo não foi destruído. Os judeus continuam estudando a Torá, cumprindo as mitsvot e experimentando um novo despertar de um desejo para servir Hashem com fé na eternidade da Torá e de todas as questões Divinas, já que “não existe nada além d’Ele”. De onde isto deriva?

Além disso, em Rosh HaShaná, Yom Kipur, Sucot, Pessach, etc., quem continua provendo a influência necessária que o povo judeu precisa? De acordo com a Torá, tudo isso deveria ter parado no momento em que eles anunciaram que o líder da geração deixou de existir, corpo e alma.

Nesse caso, é necessário que o líder da geração continue vivendo eternamente como uma alma dentro de um corpo físico, apesar do que nós vemos. Por outro lado, porém, estamos diante de uma realidade totalmente diferente. Como estes dois fatos se encaixam?

Esta é a pergunta principal, e todas as outras são secundárias que dela se originam. O que é Guimel Tamuz? Representa o fim do conceito de um líder vivo da geração ou de sua continuação eternamente, até a vinda de nosso justo redentor, brevemente em nossos dias?

Como tal, Guimel Tamuz cria um conflito para cada chassid. Além disso, este é o ponto que determina se alguém é um chassid: Guimel Tamuz o confunde? Gera dúvidas? Guimel Tamuz deve fazer qualquer um chamado chassid de Lubavitch se perguntar: como nos relacionamos agora com o líder da geração?

Qualquer um que não está confuso por Guimel Tamuz e simplesmente diz com indiferença “Guimel Tamuz? Isto já passou; é o fim”, não é chassid. Este é alguém que embarcou num bonde chamado Chabad-Lubavitch, conduzido por um rabino grande e justo que ficava de pé distribuindo dólares por horas a fio, que fez milagres e maravilhas sem-fim e recebia a todos, grandes e pequenos, com um semblante sorridente, independentemente das diferenças de níveis de religião ou origem. Um rabino maravilhoso! Muitas pessoas embarcaram neste bonde Chabad-Lubavitch. Porém, quando este rabino interessante de repente não mais se encontra no bonde, estas pessoas dizem: “Muito obrigado pela agradável viagem que desfrutamos neste vagão, mas a estrada chegou ao fim. Esta bonita história terminou em Guimel Tamuz”.

Sobre estas pessoas, não há nada o que falar; não são chassidim.

Eu estou falando sobre chassidim que, como conseqüência de Guimel Tamuz, ficaram confusos, e agora querem tirar uma conclusão adequada sobre como lidar com esta confusão.

UMA “SOLUÇÃO FÁCIL”

É exatamente aqui onde as opiniões começam a divergir.

Uma opinião sustenta que, com base nos fatos, nós temos de nos comportar como fazemos em Yud Shevat(!) [dia do falecimento do Rebe Anterior, sexto Rebe de Lubavitch e dia em que o Rebe atual assumiu a liderança do movimento Chabad-Lubavitch], já que Guimel Tamuz é exatamente igual a Beit Nissan ou Yud Shevat — nenhuma diferença.

Ah, então nós perguntamos a estas pessoas: E quanto ao fato de que é imperativo haver um líder da geração como uma alma dentro de um corpo físico? Deixemos de lado o fato de que outras correntes de chassidim nunca deram muita ênfase ao conceito de um líder da geração. Elas interpretam uma histalkut como a conclusão de um capítulo. Mas Lubavitch é diferente; toda a sua singularidade está em sua fé no Rebe como Rosh Benei Yisrael. O que fazer então? “Isso não é nosso problema”, eles respondem. “D’us criou o problema e Ele lidará com os fatos que criou”.

Quando é este o resultado da confusão, as ramificações são que quando o conceito de um líder da geração acaba, então há o conceito de Mashiach. Como resultado, não há nenhum motivo para continuar com o ardor e a fé em Mashiach e no Rebe como Melech HaMashiach que existiam antes de Guimel Tamuz. Tudo murchou; o que resta são as coisas bonitas que o Rebe deixou: estudar Rambam, Chitas, as Campanhas das Dez Mitsvot, um mar de inovações de Torá sobre uma variedade de assuntos com os quais nós podemos continuar a viver, etc.

(Porém, até mesmo isto não resolverá todos os problemas. Imediatamente depois de assumir a liderança de Chabad-Lubavitch, o Rebe declarou claramente qual é a sua tarefa: atrair a Shechiná [Presença Divina] para este mundo físico e trazer Mashiach na prática. Assim, todas as atividades que o Rebe realizou e todos os programas que ele estabeleceu foram todos com um único propósito em mente: trazer Mashiach — não no sétimo céu ou mesmo no sexto céu, mas aqui, neste mundo físico. O ciclo anual de estudo do Rambam não é “apenas outra ordem”. Nenhuma das Dez Campanhas de Mitsvot era “apenas outra mivtsá [campanha]”. Cada mivtsá teve um objetivo central e importante na preparação de todo o mundo para a revelação de Mashiach. Então, todas as instruções que foram determinadas, sendo todas elas idéias bem-sucedidas, não foram lançadas no tempo do Alter Rebe ou do Miteler Rebe. Assim foi porque naqueles dias a tarefa do Rebe era diferente, e assim era a avodá.

(Mas se Guimel Tamuz é exatamente igual a Yud Shevat, então por que não acrescentamos mais algumas campanhas? Por exemplo, por que não lançamos uma Campanha de Tsitsit? Ou talvez algumas outras campanhas sobre outras mitsvot? Por que apenas Dez Campanhas de Mitsvá, e não mais?)

Esta é uma forma de lidarmos com o assunto de Guimel Tamuz. Alguém que se relaciona com Guimel Tamuz desta maneira não é nem um herege nem um apikores. Também não é um pecador, mas um chassid de Lubavitch, para quem Guimel Tamuz criou um pouco de confusão. Assim sendo, ele chegou a uma conclusão do jeito que ele vê as coisas, i.e., Guimel Tamuz é Yud Shevat!

Este é um exemplo de chassidim que preferem confiar na visão popular da realidade, e para quem o ponto de interrogação permanece sobre o que diz a Chassidut a respeito do fato de que toda geração precisa ter um Rebe em um corpo físico.

Há outro modo de lidar com isso. A Torá determina que o líder da geração deve ser uma alma viva em um corpo físico. O Rebe declarou que a nossa geração é a geração da Redenção, Mashiach já começou a influenciar o mundo, nós estamos no limiar de merecer a verdadeira e completa Redenção, etc. Já que nós somos chassidim, acreditamos incondicionalmente nas sagradas palavras do Rebe. Nós não aceitaremos nada que venha nos dizer sobre uma mudança de planos. Qualquer tentativa de lançar uma dúvida em nossa pura fé será rejeitada categoricamente.

Só existe uma realidade para nós: as palavras explícitas que ouvimos do Rebe MH”M. Nada mais nos interessa além disso. Se o Rebe falou incessantemente nos mais absolutos termos sobre o fato de que nossa geração é a geração da Redenção, a geração que saudará nosso justo Mashiach, com almas em corpos, então quem somos nós para pensar em contradizer o rei? Como podemos levar em conta o pensamento que talvez nós realmente tenhamos de nos conduzir conforme a opinião do mundo?

Seguindo este raciocínio, não pode haver absolutamente nenhuma comparação entre Guimel Tamuz e Yud Shevat. Isto é assim porque outra coisa inteiramente diferente foi declarada em Yud Shevat, i.e., que o Rebe da sexta geração tinha completado o seu trabalho como uma alma dentro de um corpo, e agora chegou a vez do Rebe da sétima geração. Porém, o Rebe MH”M anunciou que em nossa geração a tarefa principal é trazer Mashiach literalmente neste mundo físico. Mashiach já começou a influenciar o mundo, sua existência já foi revelada, todos os assuntos pertinentes à Redenção estão prontos, etc. É possível haver alguma realidade que alterará o papel do Rebe como o líder de nossa geração, como Melech HaMashiach, de efetivamente trazer a verdadeira e completa Redenção?

Então, enquanto a tarefa do nassí não tenha sido completada, embora estejamos nos aproximando da verdadeira e completa Redenção a cada dia que passa, não pode existir de forma alguma, de acordo com a Torá, o líder de uma geração sem um corpo físico. Se o Rebe tivesse nos informado que houve uma mudança nos planos e outro Rebe teria de trazer a Redenção, então Guimel Tamuz realmente seria como Yud Shevat, e então aquele Rebe em um corpo físico teria de começar o seu trabalho de trazer a Redenção. Porém, nós não ouvimos nenhuma manifestação do próprio Rebe. Exatamente o contrário, o Rebe afirmou explicitamente que a nossa geração é única, pois é a última geração do Exílio e a primeira geração da Redenção, e que Mashiach já começou a influenciar o mundo. Então, nós permanecemos eternamente leais às sagradas palavras do Rebe e marchamos somente às suas ordens, não considerando nenhuma outra realidade.

(A verdade é que a história está se repetindo agora. Entre os chassidim da geração anterior havia aqueles mais velhos que estavam ligados de coração e alma com o Rebe Rayats. Depois de Yud Shevat, quando o Rebe MH”M assumiu a liderança, era muito estranho para eles terem de desenvolver uma hiskashrut [ligação] com este jovem Rebe. Conseqüentemente, foi muito difícil eles aceitarem o Rebe MH”M como Rebe, e assim eles continuaram com a sua hiskashrut com o Rebe Rayats. Por mais que as pessoas explicassem a eles que, de acordo com Torá, o Rebe tem que existir como uma alma viva dentro de um corpo físico e que a avodá do Rebe Rayats tinha sido completada, e que havia agora outro Rebe em carne e osso, eles simplesmente não conseguiram digerir o assunto. Eles não se importavam em se conectar com um Rebe espiritual, cuja alma descansa no Céu; o principal era que eles estivessem em paz com eles mesmos...)

QUAL É A DIFERENÇA?

Para resumir: por um lado, há a opinião da Torá incorporada nas sagradas palavras do Rebe. Por outro, há a opinião do mundo, manifestada num estado de terrível confusão, com muitas posições discrepantes. Uma opinião prefere apoiar a posição do mundo, apesar do que diz a Torá, enquanto a outra opinião endossa a abordagem da Torá apesar do que o mundo diz.

Estas duas opiniões contêm uma variedade enorme de conseqüências. Nós não as listaremos todas, mas apenas uma como exemplo:

Se nós aceitamos como certo que Guimel Tamuz é igual a Yud Shevat, então não há razão para que o 770 continue funcionando como Beit Rabeinu SheBeBavel. Ao contrário, o lugar só poderia servir hoje como simplesmente um museu sagrado que lembra aos seus visitantes aquela adorável época na qual o Rebe estava conosco, semelhante à casa do Rebe Rashab em Rostov. Pois com todas as virtudes elevadas e especiais que o 770 seguramente possui (a santidade não abandona o seu lugar, etc.), não obstante, nós nunca ouvimos que os chassidim fizessem questão de viajar para passar Tishrei na casa do Rebe Rashab, em Rostov, para receber força renovada para o ano seguinte.

Porém, se nós continuarmos acreditando nas palavras do Rebe, então nós sabemos que é muito importante viajar especificamente para o 770 para Tishrei. Toda a razão pela qual os chassidim sempre tentaram passar Tishrei com o Rebe era para estar ao lado do líder da geração. Eles queriam receber e estar cercados pela sua influência espiritual especificamente durante os toques do shofar em Rosh HaShana, as orações de Yom Kippur, e os naanuim [movimentos feitos com as Quatro Espécies] em Sucot. Um chassid sempre soube que ele vem com a sua própria yechidá [nível mais elevado da alma] e sente a sua revelação quando ele está sob a proteção da yechidá geral. Os chassidim nunca fizeram questão de passar Tishrei em um lugar — mesmo sagrado e sublime — se a yechidá geral não estivesse lá.

Os chassidim que preferem acreditar nas sichot vêm para Tishrei ao Beit Rabeinu SheBeBavel — 770, não para recordar a glória de dias passados na casa onde o Rebe estava. Ao contrário, eles partem com uma absoluta fé de que o Rebe está junto conosco, rezando conosco, fazendo farbrenguen conosco — no presente. Sendo assim, há motivos para vir para Tishrei, há motivos para ir para a kevutsá, porque nós vivemos com a fé de que tudo permanece sem qualquer mudança. O Beit Rabeinu SheBeBavel não se transferiu para outro lugar. Continua e continuará sendo o eterno lugar do eterno nassí. Nós estamos do lado das sichot!

AGORA NÓS TEMOS QUE PROSSEGUIR JUNTOS

Independentemente de como uma pessoa se relacione ao dia de Guimel Tamuz, cada chassid deveria aproveitar a oportunidade para fortalecer a sua hitkashrut com a Árvore de Vida — o Rebe MH”M — e aumentar em seu amor pelo irmão judeu e maior união entre todos os judeus. Não pode haver maior tributo ao nassí do que simplesmente nós sabermos entender um ao outro. Não há nenhum herege ou louco entre os nossos! Só há chassidim, cada um tem o direito de pensar como ele deseja conforme a difícil situação e grande confusão que prevalecem hoje.

Acima de tudo, a coisa mais importante é sempre lembrar que todos nós somos chassidim, filhos de um pai, e só existe uma coisa pela qual todos nós ansiamos: Nós queremos ver nosso Rei! Isto é expresso em hebraico pela declaração “Yechi Adoneinu”, em iídiche por “Venizkê zen zich”, etc. — e todas elas têm a mesma intenção. Não há motivo para que, se expressarmos “Yechi” em idiomas diferentes, isto acabe em discussão.

Isso parece a história do jovem casal que foi até um rabino com um pedido estranho. O primeiro filho deles tinha acabado de nascer e eles já queriam um divórcio. Por quê? A esposa insistia que a criança recebesse o nome do pai dela, que era um grande rabino e brilhante erudito da Torá. Porém, o marido exigia que o seu filho fosse chamado pelo pai dele, que, embora fosse simplesmente um cocheiro, também era um judeu simples, honesto, que sempre se conduziu com a máxima modéstia. Uma terrível discussão começou entre eles na noite anterior ao brit-milá da criança, e nenhum lado estava disposto a ceder. Como resultado, eles concluíram que a única solução viável seria o divórcio.

O rav ouviu em silêncio os requerentes, pensou por um momento, e então propôs uma idéia brilhante. Ele se virou para o marido e perguntou: “Diga-me, qual era o nome de seu falecido pai?”

“Meir”, o marido respondeu. “E qual era o nome de seu pai?, ele perguntou à esposa. “Meir”, ela respondeu categoricamente.

O rav sorriu e disse: “nesse caso, não há nenhum problema. Eu tenho uma solução que lhes trará uma vida feliz. Chame o filho Meir. Se ele crescer para ser um erudito da Torá, ele será nomeado pelo pai da sua mãe, e se ele crescer para ser um judeu simples e honesto, ele será nomeado pelo pai do seu pai”.

Isto talvez soe um pouco tolo, mas às vezes nós vemos que é isso o que está acontecendo conosco. Nós discutimos e discutimos, mas todos chegamos à mesma conclusão: Nós queremos ver nosso rei!

Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed.