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44 — O FOGO CELESTIAL (II)

Da última vez, discutimos como antes de Guimel Tamuz, enquanto ainda podíamos ver o Rebe com os nossos olhos físicos, muitas pessoas entusiasticamente antecipavam o cumprimento da predição do Rebe de que “o tempo da vossa Redenção chegou”. A partir do momento em que deixamos de ver o Rebe, alguns começaram a perguntar que efeito tem isto sobre os conceitos de Mashiach, a profecia do Rebe e a campanha de Mashiach iniciada três anos antes.

Podemos considerar este ocultamento como o teste final. Na verdade, os sábios da Torá, em geral, e os líderes do movimento chassídico, em particular, anteciparam que a Redenção final, a revelação completa de Mashiach, pode exigir semelhante teste.

Certamente o ocultamento do Rebe é um teste de fé. Durante quase cinqüenta anos de liderança, a antevisão e a introvisão do Rebe tornaram-se legendárias. Como podia o Rebe, notável por sua minuciosa avaliação da condição espiritual do mundo, bem como sua capacidade de entender as necessidades das pessoas, estar tão errado sobre Mashiach?

A resposta, por certo, é que o Rebe não está errado. Mashiach está aqui e aguarda que abramos a porta, por assim dizer.

Como, então, explicar a atual situação?

O Maguid de Mezritch, o segundo líder do movimento chassídico, disse que, antes da vinda de Mashiach, o povo judeu — na verdade, o mundo todo — experimentaria de novo um teste semelhante ao do profeta Eliyahu [Elias] no Monte Carmel. Num dos mais famosos confrontos da literatura bíblica, Eliyahu, por si só, enfrentou quatrocentos sacerdotes do ídolo Baal. Naquela época, o povo judeu, instado por seus líderes, tinha começado a praticar a idolatria de seus vizinhos. Os profetas, exceto Eliyahu, tinham sido massacrados, e ele sozinho se opôs às forças da idolatria e da corrupção.

Eliyahu desafiou os sacerdotes idólatras a um teste, a ser realizado no Monte Carmel à vista do povo. Cada um prepararia um sacrifício — os sacerdotes para o ídolo Baal, e Eliyahu para o Eterno. Mas fogo algum seria aceso. Em vez disso, cada qual oraria e quem recebesse a resposta de um fogo vindo do céu, seria o lado vitorioso.

Os sacerdotes de Baal foram os primeiros. A despeito de todos os esforços deles, de seus cantos, invocações, danças e automutilação, nenhum fogo veio do céu. Quando chegou a vez de Eliyahu, antes de rezar a D’us, ele pediu que água — água! — fosse derramada sobre a madeira e o sacrifício. Foi só depois disso que ele rezou pedindo a D’us uma resposta, um sinal para provar a verdade para o povo.

E o fogo veio do céu, consumindo o sacrifício, a madeira e todas as gotas de água. E o povo gritou: “O Eterno é o Senhor!”.

Logo, explicou o Maguid de Mezritch, o povo judeu — na verdade, o mundo todo — se verá frente a um teste semelhante. Só que, nesta ocasião, disse ele, antes da vinda de Mashiach, o fogo do céu descerá — no outro lado!

Este seria o teste final — um teste para a fé do povo e o seu auto-sacrifício — mesmo quando não somente a natureza, mas também os “sinais e maravilhas” parecerem aumentar as dúvidas e a incerteza.

Achamo-nos justamente nesta situação. Nosso teste é continuarmos a acreditar, continuarmos a estudar, a nos prepararmos, pois, na verdade, chegou o tempo de nossa Redenção.