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38 — RETORNO DA PROFECIA

O profeta não-judeu Bilam declarou que, como prelúdio à futura Redenção, “No devido tempo se dirá, a Jacó e a Israel, o que D’us forjou”. Concordam nossos sábios, unanimemente, que isto significa que, antes da Redenção, a profecia retornará.

Por que deve haver o retorno da profecia antes de Mashiach? Na verdade, podemos até mesmo perguntar, por que, em nosso atual mundo científico, a profecia tem alguma importância?

Maimônides explica que “saber que D’us confere a profecia aos seres humanos” é um princípio fundamental do Judaísmo. Assim sendo, precisamos dar ouvidos a um profeta, pois ele está comunicando a vontade de D’us. Assim como há o mandamento de ouvir “os vossos juízes” em todas as épocas, o mesmo nos é ordenado com relação aos profetas, como diz Moisés: “o Senhor, vosso D’us, fará surgir de entre vossos irmãos, um profeta como eu; a ele vocês ouvirão”.

Obviamente, quando há um profeta, uma pessoa à qual foi atribuída Divina inspiração para nos comunicar a vontade de D’us, é claro que ouviremos. Mas como se aplica isto hoje, quando — aparentemente — não existem profetas? O próprio Talmud declara que “desde a morte dos últimos profetas, Chagai [Ageu], Zechariá [Zacarias] e Malachi [Malaquias], o espírito de profecia foi suprimido de Israel”.

Não obstante, precisamos observar cuidadosamente as palavras do Talmud: durante os tempos talmúdicos, o espírito de profecia foi retirado da experiência comum e das expectativas do povo judeu. Os profetas não mais caminhavam abertamente em meio ao povo judeu. Mas a profecia propriamente dita não cessou. Longe de ser anulada, mesmo após o Talmud encontramos profecia entre o povo judeu — mas somente numa base individual, isolada.

Em seu Mishnê Torá — seu código de Lei Judaica — Maimônides lista todas as exigências para a profecia — e não há restrição temporal. Entre as muitas condições e os muitos pré-requisitos para ser um profeta, viver numa determinada época não é um deles. Na verdade, fica claro que, de acordo com Maimônides, um verdadeiro profeta pode emergir em qualquer ponto da história judaica.

Que tenham havido — e possam haver — profetas em todos os períodos da história é, afinal de contas, somente uma conseqüência lógica do princípio fundamental do Judaísmo de que D’us dá a profecia à humanidade. Porque isto significa simplesmente que em todas as gerações — mesmo durante os tempos de exílio — existe a possibilidade de revelações proféticas, que, como D’us garantiu a Moisés — o primeiro e maior profeta: “Farei surgir de entre os seus irmãos um profeta como você” — uma promessa Divina sem restrições.

Maimônides, o grande racionalista e filósofo, vai até mais adiante: em sua Epístola do Iêmen, ele escreve com convicção que num certo ano a profecia retornará a Israel. Declara ele que não pode haver dúvida de que o retorno da profecia será um prelúdio para Mashiach.

Que precisa haver um retorno à profecia antes de Mashiach é também simples lógica, pois para que sejamos capazes de recebermos as revelações dos dias de Mashiach — que serão de uma natureza radicalmente diferente da nossa compreensão espiritual vigente — terá de haver uma preparação. Logo, quando a Torá diz que D’us restaurará “seus conselheiros” — significando os profetas — “como nos tempos antigos”, ela quer dizer que, assim como os profetas originalmente prepararam o povo e conduziram-no a um nível mais elevado de serviço Divino, uma realização mais íntima, assim, também, antes de Mashiach, a profecia retornará — não de uma maneira obscura, isolada, mas de uma maneira óbvia e aberta — e os profetas de nossos dias possibilitarão a cada um de nós a capacidade de recebermos — bem dentro de nós, interiormente — a Divina revelação dos dias de Mashiach.