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22 — PROCESSO OU REVELAÇÃO (I)

Como virá Mashiach?

Uma tradição, baseada em versículos bíblicos, sugere que a redenção ocorrerá subitamente, mudando instantaneamente a realidade, diante de nossos olhos, como diz o ditado. O profeta Malachi (Malaquias), por exemplo, declarou: “O senhor que vocês procuram virá subitamente ao seu Templo”, o que se entende como uma referência a Mashiach. Outro versículo, este de Yeshaiáhu (Isaías), afirma: “O arauto de Tsión — vejam! vejam!”, isto é, Mashiach chegará de uma hora para outra, sem qualquer aviso prévio ou preparação.

Que Mashiach virá de uma hora para outra, mesmo miraculosamente, tem sido parte integrante do pensamento judaico e da fé ao longo dos tempos. Daí que — isto está escrito a respeito de Rabi Elimelech de Lizensk, um famoso Rebe chassídico, que suas orações garantiam uma promessa Celestial de que não haveria guerras ou um longo período de sofrimento antes de Mashiach. Em vez disso, o moageiro ficaria com seu copo de medir, vendendo farinha, e o alfaiate ficaria com sua fita métrica, vendendo tecidos, quando, subitamente, Eliyahu (Elias) chegará e anunciará: “Vejam, Mashiach chegou!”.

E, claro, a própria crença na vinda de Mashiach, que é um princípio fundamental do Judaísmo, inclui a expectativa diária de sua chegada — sem preparativos ou aviso antecipado. Como afirma a versão popular do princípio de Maimônides: ainda que ele se demore, esperá-lo-ei todos os dias, o que significa, Mashiach pode chegar a qualquer momento.

Mas como é possível que Mashiach simplesmente apareça de repente?

Quando olhamos para o mundo natural, às vezes podemos ver a formação de um grande evento — um furacão, por exemplo. Mesmo assim, não podemos prever — até praticamente o último minuto — onde ele pousará, onde ele se fará sentir. Em outras ocasiões, os fatos da natureza acontecem inesperadamente, como que espontaneamente — como o vulcão que explode sem aviso ou o ciclone que subitamente se manifesta, deixando um rastro de destruição instável, imprevisível, com destruição — e se dissipa.

Em retrospecto, podemos delinear o processo de desenvolvimento, desvendar os preparativos atmosféricos ou geológicos para o acontecimento avassalador, que perturba nossos sentidos. Mas enquanto o terremoto não acontecer, enquanto não emergir abruptamente, ele esteve oculto. E, assim, ficamos surpresos, perguntando-nos como pode ter acontecido, sem aviso.

Se bem que estejamos habituados a súbitas alterações no mundo da natureza, não aguardamos tais mudanças no mundo humano: podemos intuitivamente aceitar a possibilidade de água que fique de pé como um muro, mas talvez não a súbita aparição de plenitude e paz.

E, mesmo assim, com freqüência as pessoas experimentam, subitamente, momentos de transformação, um encontro que ocorre estando elas despreparadas, mas que muda para sempre a vida dessas pessoas. Mesmo nações podem ser redefinidas num só instante, por um “disparo ouvido no mundo todo”.

O aparecimento milagroso de Mashiach será como estes fatos — uma manifestação súbita e espontânea para a proeminência do Redentor, o rei judeu que dará início à era de paz e de consciência universal de D’us. E, por certo, ainda que apanhados de surpresa, em retrospecto, seremos capazes de saber quais foram os passos ocultos, descobrir o desenvolvimento espiritual que precedeu o aparecimento de Mashiach.

 Existem condições prévias para esta milagrosa revelação?

“Nesta época, eu a apressarei”, declara o profeta Yeshaiáhu, e nossos sábios explicam: “Se eles forem dignos, eu a apressarei”. Se formos dignos, a redenção será súbita e sobrenatural — com o Terceiro Beit HaMicdash, o Terceiro Templo, descendo dos Céus.

Por que a redenção deverá acontecer desta maneira? A vantagem de tal chegada é óbvia: evitamos as guerras, o sofrimento, as “dores de parto” que, caso contrário, precederiam a Redenção.

Mesmo assim, diz também nossa tradição que Mashiach pode vir “a seu tempo”, após demorada preparação, luta e por meios naturais. Na próxima mensagem, veremos o que nossa tradição tem a dizer a respeito disso.