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15 — E SE MASHIACH NÃO VIER?

Desde que a Torá foi dada no Monte Sinai, mais de três mil anos atrás, o povo judeu sabe que a Redenção virá. Durante quase dois mil anos, o povo judeu aguardou ansiosamente no exílio a vinda de Mashiach, o justo Redentor e Rei. E durante quase mil anos, esta certeza e a confiança do povo judeu se expressaram num princípio fundamental: Ani Maamin — eu acredito com fé total e perfeita na vinda de Mashiach.

Tempos houve em que a confiança do povo judeu pode ter sido abalada, quando a garantia dada pela Torá de D’us poderia ter sido posta em dúvida. A crença de alguns foi oprimida pelos exílios ou arrebentada pelos pogroms ou iludida pelos falsos messias. Mas para os líderes, os pensadores e a maioria esmagadora dos judeus comuns, os obstáculos à Redenção, a demora de Mashiach, só fizeram conduzir a uma ênfase maior, a um comprometimento maior e a uma crença mais profunda no princípio fundamental da iminente chegada de Mashiach.

Eruditos ou rabinos sugeriram, no passado, uma data ou um ano como um tempo auspicioso para Mashiach, baseados em cálculos de versículos bíblicos ou em uma tradição antiga. Quando chegava o tempo sem a Redenção, o povo judeu não se desesperava, mas resolvia trabalhar mais duramente, fazer mais, para trazer Mashiach. Quando estes tempos propícios para Mashiach não se concretizavam, como no caso de Bar Kochba, mais a geração seguinte se empenhava por Mashiach.

Mas desta vez é diferente. Sabemos que agora a vinda de Mashiach não é somente possível, mas real, iminente, pois nossa fonte não são cálculos baseados em versículos bíblicos, que só podem falar quanto à adequação do tempo, mas não podem oferecer uma garantia. Desta vez, a maior autoridade em espiritualidade do mundo, o líder de nossa geração, o Rebe de Lubavitch, declarou, inequivocamente, que Mashiach está chegando — muito em breve.

Como pode o Rebe dar semelhante garantia? Quando ele declara que o mundo está pronto para a redenção, é porque ele, mais do que qualquer outra pessoa, está em contato com as realizações espirituais desta geração e do mundo até agora. Milhares e milhares de pessoas — muitos nem chassidim, outros sequer judeus — confiaram ao Rebe questões de vida e morte, com decisões para seu sustento e sua família, e o Rebe sempre acertou, tanto em público como em particular. Seu conhecimento das fontes judaicas, legais e místicas, não tem paralelo; sua percepção das minúcias políticas e inovações tecnológicas deixam assombrados mesmo os mais entendidos.

O Rebe, como guia espiritual e mentor de nossa geração, fala de análise, discernimento e inspiração e sempre com grande cuidado. Suas palavras sobre Mashiach são claras e exatas. O tempo é e precisa ser agora.

Claro que há perguntas. Existe necessidade de estudarmos, de nos prepararmos. Pois, ainda que o Rebe de Lubavitch saiba e garanta que Mashiach está no limiar, é preciso que abramos nossos olhos, que preparemos nossos lares físicos e espirituais, e arrumemos as coisas, por assim dizer, antes de abrirmos a porta.

Sim, a pessoa chega mesmo a ser convidada a um desafio, pois a própria Torá encoraja um saudável ceticismo, o questionamento que conduz à ação, a procura pelo o quê, quando, onde e como.

Daí por que grandes eruditos têm formulado freqüentemente as perguntas: Por que Mashiach ainda não chegou? E o que podemos fazer para apressar a sua vinda?

No entanto, eles nunca perguntaram, como alguns fazem hoje, e se Mashiach não vier? Tal pergunta é ilusória, porque responde a si mesma: o que a pergunta quer mesmo dizer é que, se Mashiach não vier, esperá-lo, aguardá-lo, conduzirá a um desapontamento e a uma ruptura.

Este negativo “e se” tenta mascarar vãs especulações como uma verdade alternativa, para ocultar medo ou reprimir indagações sinceras, desencorajando o ato de pensar e distraindo a atenção para uma conjectura ignorante. Este “e se” só pode criar dúvida, confundir os que não sabem, impedi-los de estudarem e de decidirem por si mesmos. Não abrimos um negócio ou damos início a um projeto com o pensamento de que fracassará, mesmo que tais empreendimentos não tenham garantia de sucesso. O simples fato de nos envolvermos, nosso desejo de assumirmos o risco, mostra que acreditamos, que agimos, que vivemos aguardando ser bem-sucedidos e antecipando a consecução de nossas metas.

Da mesma forma, com Mashiach: a pergunta sempre foi por que ele ainda não veio, nunca “e se ele não vier?”. A última pergunta não tem fundamento no Judaísmo. Suas próprias palavras não têm sentido. Alguém poderia, também, perguntar, e se D’us não existisse e se a Torá não fosse verdadeira? Afinal de contas, Mashiach é a realização da Torá, a perfeição do objetivo de D’us ao criar o mundo.

Existe, porém, um “e se” que devemos perguntar — “E se Mashiach estiver aguardando a minha próxima mitsvá, o meu próximo ato de bondade?”.