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12 — TODA CARNE VERÁ

O profeta Isaías, ao descrever a Era Messiânica, declara: “A glória de D’us será revelada e toda carne verá que a boca de D’us fala”. Uma bela afirmação poética, mas o que significa ela? Como é que isto explica como será a Redenção?

Vamos fazer duas perguntas simples: O que fala D’us? Por que D’us fala?

Obviamente, D’us não tem uma boca física, assim sendo não estamos falando de palavras físicas. O profeta está usando uma metáfora, exprimindo em termos humanos que nos tempos de Mashiach o povo verá que D’us Se comunica.

Mas o que é que D’us comunica? Quando nos comunicamos, quando trocamos idéias, sentimentos, metas — estamos revelando uma parte de nosso íntimo, a autêntica realidade do que somos. Assim, quando D’us Se comunica, Ele está revelando uma parte de Seu íntimo, que, na verdade, é a única realidade, a única existência verdadeira.

Interessante: a Torá descreve o processo da Criação como D’us falando: “Disse o Senhor, haja... e houve”. A Criação é um ato de D’us falando, comunicando-Se. A Criação consiste nas palavras de D’us.

Assim, D’us fala para criar, e para manter a Criação. D’us precisa constantemente fazer com que toda a Criação venha a existir a partir de um estado de total inexistência; se D’us parar de falar (assim por dizer) a existência cessa de ser.

Mas, neste exato momento, não temos consciência de que D’us está falando, de que, nas palavras do livro de orações, todos os dias Ele renova constantemente a obra da Criação. Não vemos D’us falando, e assim não ouvimos o que Ele está dizendo.

Esta é a diferença entre os tempos de Mashiach e agora: não sentimos hoje que estamos sendo constantemente criados. Temos um senso de independência. (Isto explica por que as pessoas podem ignorar ou negar D’us: elas não “ouvem” D’us dizendo, a todo instante: “Haja”).

Por que hoje não “ouvimos” D’us? Por que não temos plena consciência de que toda a existência depende da contínua comunicação de D’us, de uma parte de Sua essência? Podemos responder a isto com uma analogia: já ouviu alguma vez alguém falar numa língua estrangeira, uma língua você não compreende? Ou, acaso você já leu um poema sem conseguir entender o que o autor queria dizer? Tal é a nossa condição, hoje.

A analogia também nos remete à solução: se quisermos entender uma língua estrangeira, ou apreciarmos a beleza interior e o significado do poema, temos de aprender as regras do idioma ou da poesia: teremos então de extrair ou de decodificar o significado, a essência inserida nas palavras.

D’us nos deu um “dicionário”, um “livro de regras” com o qual decifrar, dar um sentido a — tomarmos consciência de Suas palavras e de seu significado. Chama-se Torá. Estudando a Torá e obedecendo aos seus mandamentos, estaremos revelando o sentido subjacente às palavras de D’us, isto é, a Criação.

Quando Mashiach vier, teremos dominado a linguagem, visto as belezas ocultas do poema. Ou, nas palavras de Isaías citadas anteriormente, a glória de D’us será revelada.

Isto significa que veremos, com nossos olhos físicos, que a essência íntima de tudo é D’us e nossa existência inteira é uma contínua Criação.

Ao nos darmos conta disso criaremos verdadeira harmonia e paz, e daremos um fim à miséria humana. Pois, quando a presença de D’us está escondida, quando não compreendemos as palavras, então poderemos nos enganar pensando que somos independentes, e disso provém a arrogância, a negação e, até, o fato de abusarmos de nossos semelhantes. Quando, porém, estamos todos cientes e pudermos sentir, fisicamente, a sublime presença de D’us, então virá a paz, porque então a comunicação será compreendida — e mais: apreciada. A verdade da Criação — as palavras de D’us — será revelada abertamente.

Este é o tempo de Mashiach.