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11 — PELO MÉRITO DAS MULHERES

O Talmud declara que somente pelo mérito das mulheres judias é que Israel foi redimido da servidão no Egito. Séculos depois, o grande místico judeu, Rabi Yitschak Luria, conhecido como o Arizal, escreveu que o mesmo será verdade no futuro. Mashiach virá para redimir o povo judeu do exílio através do mérito das mulheres judias.

O passado e o futuro coincidem: a lógica e a intuição concordam, a racionalidade e a inspiração, idem: o Redentor — Moisés ou Mashiach — é homem, mas a Redenção virá por meio das mulheres.

Tanto os analistas do Talmud como os visionários da Cabalá reconheceram uma capacidade sem igual, intrínseca às mulheres, uma conexão inerente, estabelecendo conexão com a Redenção.

Qual é esta capacidade e por que ela está relacionada especificamente com a Redenção?

Para respondermos a isto, precisamos compreender a natureza da Redenção e a diferença básica entre o homem e a mulher, ou masculino e feminino.

A Redenção tem duas partes: primeiro, o Êxodo, deixar o exílio, ir além das limitações e barreiras. (Em hebraico, a palavra para “Egito” tem a mesma fonte que a palavra “limitação”); em segundo lugar, receber a Torá, o que significa estar plenamente repleto de uma consciência da Divindade.

Isto corresponde às duas forças que constituem a alma: o intelecto e o Divino.

Qual é o poder da mente, a força intelectual da alma? Simplesmente, que ela pode controlar, conquistar — compreender — qualquer coisa dentro de suas fronteiras, qualquer esforço sujeito à razão e à lógica.

Na alma de um homem, predomina esta força. O homem é o “nomeador”, aquele a quem na Criação se ordenou que subjugasse o mundo.

Mas a força intelectual da alma é limitada, confinada à capacidade do pensador, restringida pelo tempo, pelo espaço e pela duração da vida. A Redenção significa ir além da “realidade”, das percepções e das conclusões que pensamos serem verdadeiras.

Ir além da razão exige uma crença, uma confiança naquilo que não pode ser reduzido a um cálculo, que não pode ser analisado, compreendido ou conquistado. Significa a dimensão Divina que a alma precisa dominar. E nas mulheres, a dimensão Divina é abertamente revelada, inconscientemente predominante.

Por quê? Porque a segunda parte da Redenção é a capacidade de receber, de ser como que subjugado pela presença da Divindade, pôr de lado nossa autoconsciência. E esta é a natureza espiritual das mulheres.

A história de nossas festas é dupla: a luta dos homens contra a “realidade”, e a expressão da fé das mulheres. Esta crença pura, tantas vezes manifestada na forma de sacrifício pessoal, é a revelação de uma verdade mais profunda, que a Divindade é a autêntica realidade.

Consideremos:

Moisés não desceu do Monte Sinai quando prometeu. A realidade nos diz que algo não deu certo. Diz a fé que Moisés deveria ter descido quando prometeu, assim a “realidade” está errada. E as mulheres não participaram do episódio do Bezerro de Ouro.

O rei tinha decretado que qualquer um podia matar os judeus. A lógica diz: esconder ou subornar. Mas Ester jejua e ora durante três dias. E os judeus são salvos.

Racionalmente, sabemos que a Redenção não está próxima. Temos problemas demais, existe sofrimento demais, a vida é tão difícil quanto sempre foi. Mas as mulheres têm fé, acreditam nas palavras de Moisés, revelam automaticamente a dimensão Divina da alma — e por meio de sua fé elas demonstram que, se abrirmos nossos olhos, veremos que Mashiach está aqui.