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Ad Matai!

O que o Mitnagued Pode Ver, o Chassid Acredita

KFAR CHABAD (ISRAEL) — Rabino Levi Yitzchak Ginsberg.

Havia uma vez um chassid e um mitnagued (alguém que se opõe ao Chassidismo) que eram parceiros assim como bons amigos. Como amigo leal do mitnagued, o chassid fez o melhor que pôde para convencer o amigo sobre a importância de viajar para ver o Rebe e com ele estabelecer um vínculo. Mas o mitnagued recusava-se a ouvir. “Não acredito em nada disso”, dizia ele. “Sou um chassid de Deus, e não preciso de intermediários. Hashem aceita-me diretamente sem que eu tenha de ir até o seu Rebe. Gosto de você e respeito-o, mas não quero que você se imiscua em minha vida espiritual. Não o incomodo; por favor, não me incomode”.

Este diálogo se repetia com muita freqüência; o chassid sempre tentava trazer seu amigo até o Rebe, e o amigo recusava-se, polidamente mas firmemente.

Aconteceu uma vez de os parceiros efetuarem um negócio na própria cidade em que o Rebe vivia. Percebendo que tinha uma oportunidade de ouro, o chassid voltou-se para seu parceiro e disse: “Ouça só! As pessoas viajam dos confins da Terra, compram roupas, enfrentam grandes despesas e até mesmo contraem dívidas, tudo isso para verem o Rebe. Você tem apenas de fazer isso! Não o perdoarei se você desprezar esta oportunidade!”

O mitnagued tentou resistir, como usualmente fazia, mas desta vez o chassid não o deixou: sentiu que simplesmente não poderia deixar esta oportunidade fugir pelos dedos do amigo. Assim, intensificou a pressão até que seu amigo não pôde mais suportá-la e finalmente admitiu: “Tudo bem, irei até o Rebe. Farei isto por você”.

O chassid teve um arrepio, e tomou todas as providências necessárias, ao mesmo tempo em que se assegurava que seu amigo não reconsideraria e recuaria. Veio então a tão aguardada audiência com o Rebe. O chassid permaneceu do lado de fora, impaciente, indagando-se como o encontro com o Rebe estaria decorrendo. Fizera tudo que podia, e agora rezava para que seu amigo, o mitnagued, ficasse agradavelmente impressionado com a grandeza e a santidade do Rebe. Ele até ousou esperar que seu amigo se tornaria chassid como resultado do encontro.

Quando o mitnagued saiu dos aposentos do Rebe, o chassid saudou-o com um caloroso aperto de mão e o abraçou. E então lhe perguntou, de um modo um tanto quanto apreensivo: “Nu, que tem você a dizer? O que viu? Conte-me tudo!”

“Que foi que eu vi?! Vi um homem de Deus cuja face brilhava com o esplendor da Shechiná (presença Divina). Ele é soberbamente santo e puro! Tudo que você me tinha dito é nada comparado com o que experimentei!”

O chassid ficou muito contente, vendo que seus esforços haviam frutificado. Mas, ao mesmo tempo, ele estava um tanto quanto diminuído. Ele tinha tido uma audiência particular com o Rebe e com o coração partido pedira um tikun (medida corretiva). “Rebe”, disse ele, “sempre tentei ser um bom chassid. Tenho viajado para ir até o Rebe faz anos. Reviso os ensinamentos do Rebe e transmito-os aos outros. Presto atenção às orientações do Rebe e tento pô-las em prática. Tento até mesmo influir em outros para que se tornem Chassidim. Mesmo assim, quando olho para o Rebe, não vejo nada como se fosse do Outro Mundo...

“Enquanto isso, meu amigo, o (até então) mitnagued, que finalmente concordou em encontrar-se com o Rebe – e apenas para me apaziguar – ficou mais do que impressionado pelo que viu! Ele viu a Shechiná, e, em suas próprias palavras, viu um homem de Deus.”

“Rebe, o que devo fazer? Por que é que estou tão deprimido que, a despeito de todo o meu empenho, não mereço nem ver aquilo que o mitnagued viu?”

Com um sorriso, o Rebe respondeu: “Fique tranqüilo, o fato de ele ter visto o que você não viu, não se deve ao fato de ele ser tão grande e você tão rebaixado. É muito mais simples do que isso: sendo um mitnagued, ele precisava ver, mas você, chassid, precisa acreditar!”

Em Hilchot Yessodei HaTorá, o Rambam escreve que Moshé Rabeinu “não foi acreditado por causa dos sinais que produziu, pois aquele que acredita com base em sinais tem dofi (dúvida) em seu coração”. A conexão entre o Rebe e o chassid não se baseia nos milagres que o Rebe constantemente faz por eles.

É necessário, porém, divulgar estas maravilhas. Na verdade, falando desses milagres, ocasionamos a vinda de Mashiach, como disse o Rebe na sichá de Vayeshev, 5752. Ademais, o Rebe explica em uma carta que em especial nestas gerações, um milagre tem o poder de quebrar falsas crenças sobre o mundo, e faz as pessoas e o mundo veículos para a expressão da Divindade.

Não obstante, a conexão entre o Rebe e o chassid, e a total devoção que um chassid tem pelo Rebe, não se baseiam em milagres e maravilhas.

“Aquele que acredita com base em sinais tem dofi em seu coração”, porque sua crença no Rebe e seu compromisso de seguir as diretivas do Rebe são apenas por conta do que ele viu com seus olhos, o que ele compreendeu com sua mente, e o que ele sentiu em seu coração. Tão verdadeiras quanto suas percepções possam ser, ainda assim elas são limitadas. Ainda são negociáveis. As perguntas ainda podem ser respondidas, levando a dúvidas e enfraquecimentos em sua conexão. Tudo aquilo baseado na lógica sempre pode ser desafiado.

Mas um chassid cuja conexão com o Rebe seja baseada na verdade que brilha a partir de sua própria essência, é inteiramente diferente. Na verdade, não é a sua verdade, mas a verdade definitiva, uma verdade Divina e ilimitada. Uma pessoa assim é totalmente leal ao Rebe. A verdade permeia-a e irrompe de suas profundezas, de seu próprio ser, mesmo nas mais rebaixantes circunstâncias nas quais a pessoa se encontre. Esta verdade é incondicional, e não se funda de modo algum em algo externo.

O chassid na história que nada viu tem muito mais do que o mitnagued que viu e sentiu como “um presente de Cima”. Superficialmente, parece como se o mitnagued tivesse recebido o maior dom. Mas a verdade só pode ser verdadeiramente percebida por alguém cuja conexão deriva de dentro, antes do que do exterior.

É certamente mais fácil e mais prazeroso para alguém primeiro ver e sentir e só depois servir Hashem. Mesmo assim, diz o Rambam que esta abordagem indica que há dofi no coração desta pessoa, pois ela não está 100% convencida. O problema é que esta abordagem não emana lá de dentro, mas de razões externas. Quem é que pode afirmar que, caso mudem as circunstâncias, manteria sua conexão como antes?

Quando a conexão de alguém com o Rebe provém de seu íntimo, da própria essência desse alguém, então não há margem para dúvidas e objeções de qualquer espécie, então é eterna e real; permanece forte sejam quais forem as circunstâncias.

O Chassidismo nos ensina que esta é a única razão do ocultamento que Hashem cria. Sendo onipotente, Hashem poderia fazer tudo decorrer suavemente e facilmente, sem obstáculos, empecilhos ou perguntas. Por que então Hashem estabeleceu um mundo com tantos obstáculos, exigindo tanto esforço para adquirirmos seja que medida for de Divindade?

Hashem não quer nos dar de mão beijada tudo como se fosse um dom do Alto, porque, ainda que parecesse muito agradável, isto não originaria da essência humana. Por conseguinte, eles não alcançariam (assim por dizer) a essência de Deus.

Hashem quer que a verdade Divina emerja da própria escuridão, dos desafios e dificuldades com que nos confrontamos. Só então se tornará aparente que esta é a mais profunda das verdades.

Hashem estabeleceu a ordem do mundo de forma tal que mesmo quando não vemos o Beit HaMicdash, e os milagres não são prontamente perceptíveis, mesmo quando as coisas são exatamente o contrário e quando os maus parecem prosperar, Sua grandeza é, mesmo assim, reconhecida e apreciada. O propósito da escuridão é apenas levar à revelação da conexão essencial que não se baseia em milagres, um Beit HaMicdash, ver a Divina providência, ou algo semelhante.

O Rebe nos diz que Guimel Tamuz revela-nos os últimos conceitos, como se pode ver pelo fato de que Guimel Tamuz cai no mesmo dia da semana como 17 de Tamuz e Tisha B’Av. Realmente, Guimel Tamuz revela-nos a intenção interior de ocultamento.

Isto não significa simplesmente dizer que o resultado positivo é o propósito definitivo de tudo. Ultrapassa isto: na verdade, vamos ver que tudo, mesmo a escuridão, foi boa na verdade desde o princípio, mesmo que não tenhamos conseguido percebê-la como tal originalmente.
Quanto a isto, Guimel Tamuz parecia ser um dia de punição e de exílio primeiro, mas depois manifestou-se como o início da redenção.

A crença nisto, de que não houve nunca verdadeiramente um exílio ou destruição de per si, porque foi somente parte do processo de Redenção, traz em si mesmo a verdadeira e completa Redenção.

Mais forte ainda e mais acessível se torna esta realidade de uma geração para a outra, e de um ano para o seguinte, conforme nos aproximamos da Redenção. Isto assim é, em particular, para nossa geração, a última geração do Exílio e a primeira geração da Redenção. Mashiach veio e proclamou que o “tempo de vossa Redenção chegou”, e desde esse tempo mais anos se passaram nos quais firmemente nos aproximamos da Gueulá. O sentimento de exílio e churban [destruição] decresceu enquanto aumentaram os preparativos para a Gueulá.

Daí porque fazemos tanto quanto podemos para aumentar nossa alegria neste tempo de uma maneira permissível, tal como organizando shiurim, dando tsedacá, e estudando Hilchot Beit HaBechirá. Durante os Nove Dias, até 15 de Av, alegra-nos organizar siyumei Massechtot (celebrações quando do término de um tratado do Talmude). Isto está em conformidade com a explicação chassídica da afirmação no Talmude, de que quando Av começa “diminuímos nossa alegria” — que ressaltando-se a alegria de uma maneira permissível, diminuímos todos os aspectos (indesejáveis) do mês de Av. Veremos desta maneira que o objetivo todo de Av é Menachem (consolação), Mashiach, cujo nome é Menachem. E a palavra “Menachem” precede “Av” (pai), o “Pai da compaixão”, o Único justo e íntegro, Aquele que tudo faz de um modo positivo desde o início.

Possamos nós testemunhar imediatamente a revelação de nosso Rebe MH”M Shlita
que trará para todos nós a Redenção final!

Yechi Adoneinu Moreinu VeRabeinu Mélech HaMashiach Leolam Vaed!

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